
… quando o sonho vira realidade e a realidade não condiz com o sonho.
Alimentado pelo desejo de ser um jogador profissional de futebol, muitos estudantes e profissionais perpetuam e trilham um caminho para trabalhar fora das quatro linhas.
As profissões são as mais variadas, tais como: porteiros, nutricionistas, massagistas, psicólogos, roupeiros, auxiliares, assistentes, analistas, supervisores, coordenadores, gestores, diretores e etc.
Na teoria, um clube de futebol é uma empresa que precisa de profissionais.
Na prática, um clube de futebol precisa de profissionais. Mas, infelizmente, muitos clubes não se profissionalizam.
A realidade na parte da gestão de pessoas dos clubes brasileiros é em sua maioria arcaica, arbitraria e totalmente despreparada para a profissionalização de suas categorias.
Em seu âmbito contratual, existem algumas variáveis, onde, o registro em carteira (CLT) não é exceção, abrindo brecha para contratos com funcionários PJ (Pessoa Jurídica) ou até colaboradores não remunerados. (Estagiários e/ou até membros da Diretoria)
Por exemplo: Um jogador ou funcionário com salário superior à 8 (oito) mil, é registrado com 4 (quatro) mil e o restante entra como “ajuda de custo”. Sem contar o direito de imagem, luvas e etc! Assim, o jogador e/ou funcionário não têm tantos descontos.
Caso a sua ideia seja trabalhar em um clube como PJ, como sugestão, procure resguardar-se nas cláusulas contratuais, com ênfase no período e multas.
É de suma importância que o contrato passe por um advogado ligado ao direito desportivo (que não tenha vínculo com o clube contratante), para evitar surpresas desagradáveis, como uma demissão sem justa causa no meio do percurso.
Mas, como estipular um salário inicial?
Neste caso, vale a pesquisa de mercado, currículo, experiência na área, poder de persuasão, “QI” (Quem indica) e a Networking!
A única “tabela” que existe na parte salarial, é a questão da categoria que o profissional pretende ou vai trabalhar dentro de um clube de futebol.
O Brasil é reconhecido mundialmente como o país que fabrica grandes craques. No entanto, esse rótulo e a nossa atualidade, não deveriam nos impedir de refletir sobre as perguntas a seguir:
Se o trabalho das categorias de base dos clubes é, de fato, fundamental para o desenvolvimento do futebol, por que a maioria investe tão pouco neste setor?
O trabalho com as categorias sub-13 e sub-15 são menos importantes que as categorias sub-17 e sub-20?
Se não são menos importantes, por que os profissionais que trabalham com atletas mais jovens, geralmente recebem salários menores?
E, se formar atletas nas categorias de base é mais importante que vencer campeonatos, por que treinadores são demitidos quando não ganham competições?
São essas as perguntas que a gestão do futebol brasileiro não consegue responder e tão pouco resolver.
Alguns clubes fogem a “regra” e registram seus funcionários, pagando férias, 13º e etc. (Clubes-empresas)
E, têm aqueles que contam com parte da equipe registrada (cargos operacionais), abrem vagas de estágios não remunerados, terceirizam mão de obra e tem diretores e presidência colaborativa! (Clubes Estatutários)
Ou seja, dois universos totalmente discrepantes, e que fatalmente cominam em situações tão adversas, que podem influenciar positivamente ou negativamente dentro de campo.
Então, o profissional que deseja trabalhar em um clube de futebol, precisa estar preparado para lidar com as mais diversas situações.
Clubes-empresas
Atualmente, os clubes-empresas têm crescido e ficado em evidência no mundo do futebol. Muitos investidores e companhias financeiras adquirem os direitos das agremiações pelo mundo todo como uma forma de investimento e geração de capital. Mas se engana quem pensa que isso começou nos últimos anos.
No Brasil, o pioneiro nesse empreendimento foi o União São João de Araras, que no ano de 1994, quando disputava a elite do Campeonato Brasileiro pela segunda vez, o time virou União São João S.A ao ser comprado por uma companhia financeira que investiu altas cifras na instituição.
Clubes estatutários
Sobrevivem com a capitação do sócio torcedor, patrocínios pontuais e patrocínios másters.
Então, além das pejorativas que existem na parte da contratação, registros, contratos e etc… O profissional terá como peso as diferenças entre um clube-empresa ou estatutário, onde os desafios certamente serão extremos.
Texto: Luan Rodrigues | Editor Trivela na Rede
“You’ll Never Walk Alone”